A Epidemia Silenciosa: Explorando a Epidemiologia do Suicídio no Mundo

A epidemia silenciosa

O suicídio é uma questão de saúde pública global que permanece silenciosa, mas suas implicações são profundas e impactantes. A realidade é que essa epidemia silenciosa: o suicídio, é uma das principais causas de morte em todo o mundo, especialmente entre os mais jovens, por certo, chegando a ser citada como a segunda maior entre brasileiros de 15 a 29 anos (Estadão, 2021). Outro dado importante é que a taxa global diminuiu 36% nos últimos 20 anos, mas nas Américas está acontecendo o oposto, a taxa aumentou 17% (OPAS/OMS, 2019). Isso é um fator de preocupação para os profissionais de saúde e é um tema do qual nós, equipe da NOSCO, não esquivaremos!

No entanto, por trás dessas estatísticas impressionantes, existe uma história mais complicada que precisa ser melhor investigada e compreendida. Assim sendo, iremos explorar algumas estatisticas sobre o suicídio e como a Psicologia Baseada em Evidências pode nos auxiliar a  compreender e combater esse problema de saúde pública.

Epidemiologia do Suicídio: Uma Visão Geral

A epidemiologia é o estudo das doenças e das condições de saúde em populações humanas. Nesse sentido, é através da análise epidemiológica que os cientistas podem identificar os padrões, as causas subjacentes e os fatores de risco relacionados a diversas condições de saúde, incluindo o suicídio. Em síntese, entender essa causalidade auxilia os profissionais de saúde a desenvolver estratégias de prevenção eficazes para os mais diversos contextos. 

Segundo dados levantados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2019, mais de 700 mil pessoas morreram por suicídio: uma em cada 100 mortes. Em outras palavras, isso faz do suicídio uma das principais causas de morte, junto com doenças cardiovasculares, diabetes e problemas respiratórios (CNN, 2022). Outro tema que merece ser evidenciado é justamente essa desvalorização das questões psicológicas, logo que seus sintomas são silenciosos e, muitas vezes, os pacientes sofrem com a estigmatização perante a sociedade e optam por postergar a procura por ajuda. 

Fatores de Risco e Proteção: Uma Teia Complexa

A epidemiologia do suicídio revela que diversos fatores estão associados a um maior risco de comportamento suicida. Em resumo, estes fatores podem incluir: 

  • Histórico familiar de transtornos mentais;
  • Isolamento social, ou sentimento de desesperança e desconexão, ou Burnout;
  • Abuso de substâncias, a saber, álcool e drogas;
  • Transtornos psicológicos não tratados;
  • Estressores psicossociais;
  • Acesso a meios letais, a saber, armas de fogo;
  • Fatores socioeconômicos, como:
    • Desemprego;
    • Situação de vulnerabilidade social(déficits na alimentação e recursos básicos de sobrevivência, como saneamento básico);
    • Pobreza ou miséria. 

No entanto, é importante destacar que os fatores de risco não são determinantes inevitáveis do suicídio, isto é, mesmo em casos onde há vários destes combinados, não significa que a pessoa fará a tentativa. Aliás, existem também os fatores de proteção, tais como uma rede interpessoal forte (família, amigos, comunidade no geral), acesso a cuidados de saúde mental, senso de pertencimento/conectividade no local de trabalho e em ambiantes sociais e habilidades de enfrentamento eficazes frente à situações desafiadoras são alguns dos fatores que podem diminuir o risco de suicídio e fortalecer a resiliência. 

As estatísticas variam significativamente entre países, mas algumas tendências se destacam. Por exemplo, o suicídio é mais comum em homens do que em mulheres, com taxas de suicídio masculino aproximadamente três vezes mais altas. Isso não significa que as mulheres não tentam suicídio, na verdade elas tem um maior índice de tentativas, enquanto que os homens, por usarem métodos mais letais, conseguem com maior frequência se matarem. De fato, a idade também desempenha um papel crítico, com uma maior incidência entre os jovens e os idosos. Dessa forma, se você se sente sozinho e tem pensamentos suicidas, entre em contato com o Centro de Valorização da Vida (https://www.cvv.org.br/). 

Terapias Baseadas em Evidências: Uma Abordagem Promissora

Quando se trata de prevenir o suicídio, as terapias baseadas em evidências têm se mostrado eficazes. De fato, essas terapias são abordagens de tratamento que foram  testadas em estudos clínicos e científicos, demonstrando sua eficácia na redução dos sintomas e no aumento do bem-estar mental. Algumas dessas abordagens são a Terapia Cognitivo Comportamental e as terapias contextuais, como a Dialética Comportamental (DBT). 

A psicologia baseada em evidências desenvolve ferramentas e estabelesce itens a serem checados que ajudam os profissionais de saúde mental a identificar indivíduos em risco de suicídio, tais como investigação dos eventos precipitantes específicos para cada paciente, os estressores agudos e crônicos, o estado mental atual(emoção e cognição), se há ou não uma ideia ou plano concreto e a extensão deste. 

Um exemplo notável é a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), que é frequentemente utilizada para tratar uma variedade de condições de saúde mental, a saber, depressão e ansiedade. Além disso, a TCC foca na identificação e modificação de padrões de pensamento negativos e disfuncionais, ajudando os indivíduos a desenvolverem habilidades de enfrentamento saudáveis, trabalhando a iniciativa e a motivação para a mudança comportamental (Marback et al, 2014, Freitas e Sene, 2017, Roskosz et al, 2017). 

Nos casos de ideação suicida, trabalhamos para identificação dos pensamentos distorcidos fazendo com que o próprio paciente os reconheça, bem como, elaborando planos de ação para modificar o comportamento que pode ser letal para o paciente. Portanto, é uma terapia prática para aqueles que estão nesse momento de desorientação e desconexão. 

Além disso, a Terapia Dialética Comportamental (DBT) também tem se destacado no tratamento de transtornos emocionais, como o transtorno de personalidade borderline, que costuma apresentar autolesão e ideação suicida mais frequentemente. A DBT combina elementos da TCC com estratégias de regulação emocional e aceitação, visando a redução dos comportamentos destrutivos, bem como a construção de habilidades para lidar com as emoções negativas e ajudar o paciente a criar uma vida que vale a pena ser vivida (Linnehan, 2018). 

Prevenção do Suicídio: Um Esforço Coletivo

Acima de tudo, a prevenção do suicídio é uma tarefa complexa e multidimensional que requer a colaboração de profissionais de saúde mental, governos, organizações não governamentais e a sociedade como um todo. O estigma em torno da saúde mental ainda é uma barreira significativa para as pessoas buscarem ajuda, por isso é crucial aumentar a conscientização e promover a educação sobre o tema. Você vai encontrar diversos textos sobre o tema aqui no blog na NOSCO e nas nossas redes sociais @espaconosco no Instagram e no Facebook. 

Conclusão: Iluminando o Caminho à Frente

A epidemiologia do suicídio nos lembra que essa é uma epidemia silenciosa, mas não invencível. Nesse sentido, compreender os fatores que contribuem para o comportamento suicida é o primeiro passo para a prevenção eficaz. De fato, terapias baseadas em evidências oferecem esperança e tratamento eficaz para aqueles que estão lutando contra condições de saúde mental.

Dessa forma, fica claro que a prevenção do suicídio deve ser feita em multiplos níveis, tanto no individual quanto no coletivo. Em suma, devemos trabalhar juntos para reduzir o estigma em torno da saúde mental, aumentar a conscientização e fornecer acesso adequado a cuidados de saúde mental aos pacientes que precisam. Se você é um deles, entre em contato com a NOSCO para receber a ajuda necessária! 

Referências:

  • World Health Organization (WHO). (2021). Suicide.
  • Mann, J. J., Apter, A., Bertolote, J., Beautrais, A., Currier, D., Haas, A., … & Hendin, H. (2005). Suicide prevention strategies: A systematic review. JAMA, 294(16), 2064-2074.
  • Hales, R. E., & Lineberry, T. W. (2018). Suicide prevention: Strategies and evidence-based treatments. In Mayo Clinic Proceedings (Vol. 93, No. 4, pp. 550-556).
  • Joiner, T. E., & Rudd, M. D. (2000). Intensity and duration of suicidal crises vary as a function of previous suicide attempts and negative life events. Journal of Consulting and Clinical Psychology, 68(5), 909-916.
  • Uma em cada 100 mortes ocorre por suicídio, revelam estatísticas da OMS. Organização Pan Americana de Saúde. OPAS/OMS. <https://www.paho.org/pt/noticias/17-6-2021-uma-em-cada-100-mortes-ocorre-por-suicidio-revelam-estatisticas-da-oms
  • MARBACK, Roberta Ferrari; PELISOLI, Cátula. Terapia cognitivo-comportamental no manejo da desesperança e pensamentos suicidas. Rev. bras.ter. cogn.,  Rio de Janeiro ,  v. 10, n. 2, p. 122-129, dez.  2014 .   Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-56872014000200008&lng=pt&nrm=iso>. 
  • Freitas, A. S., & Sene, A. S. (2017). AS CONTRIBUIÇÕES DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL NO MANEJO DO SUICÍDIO. Psicologia E Saúde Em Debate, 3(Supl. 1), 42–43.
  • Roskosz, F. L. S., Chaves, S. K., & Soczek, K. de L. (2017). SUICÍDIO NA ADOLESCÊNCIA E TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL. Trabalhos De Conclusão De Curso – Faculdade Sant’Ana. Recuperado de https://iessa.edu.br/revista/index.php/tcc/article/view/96 
  • DELBONI, Carolina. Suicídio é a segunda maior causa de morte entre adolescentes. Estadão. 13 de setembro de 2021. https://www.estadao.com.br/emais/carolina-delboni/suicidio-e-segunda-causa-de-morte-entre-adolescentes/ 
  • ROCHA, Lucas. Doenças não transmissíveis se tornam a principal causa de morte no mundo, diz OMS. CNN Brasil. 21 de setembro de 2022. São Paulo. 
  • LINEHAN, Marsha M. .Treino de Habilidades em DBT: Manual de Terapia Comportamental Dialética para o terapeuta. Artmed. 2018. 

Mal Feito, Feito: Lidando com o Perfeccionismo e Procrastinação

terapia-cognitivo-comportamental

O perfeccionismo e a procrastinação são dois lados de uma mesma moeda que podem causar grande impacto na vida pessoal e profissional de uma pessoa. Ambos os comportamentos estão frequentemente interligados criando um ciclo vicioso difícil de quebrar. A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) oferece ferramentas eficazes para lidar com esses desafios, ajudando indivíduos a reconhecer e modificar padrões de pensamento e comportamento que alimentam o perfeccionismo e a procrastinação.

O Perfeccionismo

O perfeccionismo é uma característica de personalidade que leva uma pessoa a estabelecer padrões excessivamente altos e a se preocupar excessivamente com erros e críticas. Embora a busca pela excelência possa ser uma qualidade positiva, o perfeccionismo pode se tornar prejudicial quando a pessoa sente que nunca é boa o suficiente. Isso pode resultar em ansiedade, baixa autoestima e até depressão.

Perfeccionistas frequentemente se prendem a detalhes insignificantes e gastam tempo excessivo tentando fazer tudo de forma impecável. Isso pode levar à procrastinação, pois o medo de não conseguir alcançar a perfeição pode paralisar a ação. Estudos determinaram que pessoas perfeccionistas estão mais propensas a pensar que não são merecedoras de suas conquistas, sintoma conhecido como Síndrome do Impostor (Soares et al, 2021, Cokley et  al., 2018).

A Procrastinação

A procrastinação é o adiamento repetido de tarefas que precisam ser realizadas, muitas vezes até o último momento. Saiba que todos procrastinam de vez em quando e em algumas áreas de vida específicas, isso é normal! Já procrastinação crônica, em muitas áreas da vida,  pode ter sérias consequências, como a perda de oportunidades, aumento do estresse, autocobrança exacerbada e sentimentos de culpa e inadequação (Paz, 2022) .

Muitas vezes, a procrastinação é um mecanismo de defesa contra o medo do fracasso. Quando uma tarefa parece esmagadoramente difícil ou quando o perfeccionismo cria expectativas irrealistas, adiar a tarefa pode parecer uma maneira de evitar a dor do fracasso potencial.

TDAH

A procrastinação é um comportamento comum entre indivíduos com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Pessoas com TDAH frequentemente enfrentam dificuldades em manter o foco, organizar tarefas e gerir o tempo, o que pode levar à procrastinação. A tendência de adiar tarefas pode ser uma forma de lidar com a sobrecarga de estímulos ou com a falta de motivação, já que o cérebro de quem tem TDAH busca constantemente por atividades mais estimulantes. 

Apesar de ser um sintoma comum em indivíduos com TDAH, a procrastinação não está necessariamente ligada ao transtorno. Muitas pessoas procrastinam devido a fatores como medo do fracasso, perfeccionismo, falta de interesse na tarefa ou simplesmente má gestão do tempo. Em contextos onde o TDAH não está presente, a procrastinação pode ser abordada através de técnicas de produtividade, como a priorização de tarefas, a criação de prazos autoimpostos e a utilização de métodos como o “Pomodoro”, que divide o tempo de trabalho em intervalos focados. 

Reconhecer as diferentes causas da procrastinação é crucial para aplicar as estratégias mais adequadas para cada situação, melhorando assim a eficiência do tratamento. Apesar das técnicas serem parecidas, o protocolo é diferente para quem tem o diagnóstico, pois a medicação é cogitada e trabalhamos em sintomas que não surgem quando não há o diagnóstico, como a hiperatividade. Por isso, é ideal que você nos procure para fazer uma avaliação, assim poderemos diferenciar se você tem ou não o diagnóstico, além de montarmos e aplicarmos seu plano de tratamento. 

Como a TCC Pode Ajudar

A TCC é uma abordagem terapêutica baseada na ideia de que nossos pensamentos, sentimentos e comportamentos estão interligados. Nesse sentido, estudos comprovam que a TCC é uma das terapias mais indicadas para lidar com os sintomas de procrastinação (Costa et al, 2022, Braun et al, 2019). Mudando a maneira como pensamos, podemos alterar nossos sentimentos e comportamentos. Leia também o nosso artigo sobre os benefícios de fazer terapia, mas aqui abaixo estão algumas estratégias de TCC que podem ajudar a lidar com o perfeccionismo e a procrastinação:

1. Identificação de Pensamentos Automáticos

Os perfeccionistas frequentemente têm pensamentos automáticos negativos, como por exemplo “Eu nunca vou conseguir fazer isso perfeitamente” ou “Se eu falhar, ninguém vai me respeitar”. Na TCC, a primeira etapa é identificar esses pensamentos. Ao manter algum tipo de automonitoramento, como um diário de pensamentos, a pessoa pode começar a reconhecer padrões de pensamento negativos e assim, criar consciência sobre quais são as suas dificuldades específicas. 

2. Desafio dos Pensamentos Irracionais

Uma vez que os pensamentos automáticos negativos são identificados, o próximo passo é questioná-los. Pergunte a si mesmo: “Esta é realmente a única maneira de ver a situação?” ou “Quais são as evidências contra esse pensamento?”, pois isso ajuda a reduzir o poder dos pensamentos negativos e substituí-los por pensamentos mais realistas e equilibrados. Um terapeuta da NOSCO pode te ajudar com essa tarefa.

3. Estabelecimento de Metas Realistas

Perfeccionistas frequentemente estabelecem metas inalcançáveis. Portanto, uma técnica importante é aprender a estabelecer metas realistas e alcançáveis. Isso pode incluir dividir tarefas grandes em etapas menores e mais gerenciáveis e recompensar pequenas vitórias ao longo do caminho com reforços positivos (recompensas, como um pequeno chocolate ou um momento de lazer). Para quem se cobra bastante isso pode ser um desafio enorme, pois queremos que você reduza sua autocobrança para se adequar à realidade da tarefa, te tornando mais produtivo. 

4. Prática da Autocompaixão

A autocrítica severa é um traço comum entre os perfeccionistas. É sabido que raramente somos tão críticos com outras pessoas quanto somos com nós mesmos. Dessa forma, praticar a auto compaixão envolve tratar a si mesmo com a mesma gentileza e compreensão que você ofereceria a um amigo. Isso pode ser feito através da tentativa de mudar a voz interna autocrítica e lembrar-se de que todos cometem erros e que o fracasso é uma parte natural do processo de aprendizagem (Neff & Germer, 2019). 

5. Teste comportamental

Quando você adiar suas tarefas cria uma ‘cortina de pensamentos automáticos negativos’ sobre aquele exercício, trabalho ou ação que você tenha que colocar em prática. Ou seja, a evitação começa a prevalecer no seu dia. A ideia dessa técnica é provar para o seu cérebro que você consegue fazer de uma forma diferente do que estava acostumado. Portanto, fazer a tarefa com o máximo de concentração, evitar levantar da mesa ou mudar de ambiente, largar o celular, etc. Isso é totalmente personalizado para a sua demanda, por isso pedimos o automonitoramento lá atrás, assim saberemos o como você procrastina e prepararemos o teste comportamental mais adequado para você. Logo, emitimos um comportamento diferente para modificar o padrão de pensamento.  

6. Reestruturação Cognitiva

A reestruturação cognitiva é uma técnica central na TCC. Ela envolve identificar e desafiar crenças disfuncionais e substituir pensamentos distorcidos por interpretações mais realistas. Por exemplo, ao invés de pensar “Se eu não fizer isso perfeitamente, sou um fracasso”, você pode reformular para ‘’fazer um pouco de avanço todo dia é melhor do que nenhum avanço’’e  “Fazer o melhor que posso é suficiente”. 

7. Treinamento de Habilidades de Gestão do Tempo

Muitas vezes, a procrastinação é o resultado de habilidades inadequadas de gestão do tempo. Dessa forma, a TCC pode incluir treinamento em técnicas de gerenciamento de tempo, como o uso de aplicativos de celular que oferecem a opção de fazer listas de tarefas com priorização de tarefas importantes e a técnica Pomodoro, que envolve trabalhar em intervalos de tempo definidos com pausas regulares para descanso.

DICA: o intervalo é fundamental para sua produtividade. Explicaremos isso em outra postagem

Conclusão

Lidar com o perfeccionismo e a procrastinação pode ser desafiador, mas a Terapia Cognitivo-Comportamental oferece estratégias eficazes para ajudar a quebrar o ciclo vicioso. Ao identificar e desafiar pensamentos automáticos negativos, estabelecer metas realistas, praticar autocompaixão e utilizar técnicas de exposição, é possível reduzir a ansiedade, aumentar a produtividade e alcançar um equilíbrio mais saudável na vida.

A mensagem central é que “mal feito, feito” é melhor do que “nunca feito”. Ou seja, aceitar que a perfeição é uma meta irrealista e que o progresso é mais importante pode liberar uma enorme quantidade de energia e potencial criativo. Com as ferramentas e técnicas certas, é possível superar o perfeccionismo e a procrastinação e viver uma vida mais satisfatória e produtiva.

Referências:

Soares, A. K. S., do Nascimento, E. F., & Cavalcanti, T. M. (2021). Fenômeno do impostor e perfeccionismo: Avaliando o papel mediador da autoestima. Estudos e Pesquisas em Psicologia, 21(1), 116-135.

Cokley, K., Stone, S., Krueger, N., Bailey, M., Garba, R., & Hurst, A. (2018). Self-esteem as a   mediator   of   the   link   between   perfectionism   and   the   impostor   phenomenon. Personality and Individual Differences, 135, 292-297. doi: 10.1016/j.paid.2018.07.032

Neff, K., & Germer, C. (2019). Manual de mindfulness e autocompaixão: um guia para construir forças internas e prosperar na arte de ser seu melhor amigo. Artmed Editora.

Paz, G. B. G. (2022). Procrastinação: prevalência, causa e intervenção.

Costa, H. S., Reis, H. L., Lima, V. L. M. C., de Souza, E. T., de Oliveira, C. F., & Chirinéa, G. (2022). Eficácia de intervenções não medicamentosas em procrastinação acadêmica: Revisão integrativa. Mosaico: Estudos em Psicologia, 10(1), 25-47.

Braun, K. C. R., Marcilio, F. C. P., Corrêa, M. A., & Dias, A. C. G. (2019). Terapia Cognitivo-Comportamental para adolescentes com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade: uma revisão sistemática de literatura. Contextos clínicos. São Leopoldo. Vol. 12, n. 2 (maio/ago. 2019), p. 617-635.

Empatia e Compreensão: Como Ajudar Alguém que Está Passando por Ideação Suicida

Empatia e Compressão

De que forma a Empatia e Compreensão pode ajudar em um caso complexo assim?
A ideação suicida é um fenômeno complexo que pode ser causado por uma variedade de fatores, incluindo depressão, transtornos de ansiedade, abuso de substâncias e trauma. Quando alguém está passando por ideação suicida, é importante que ele receba ajuda profissional. No entanto, há algumas coisas que você pode fazer como amigo, familiar ou colega para ajudar essa pessoa. Sabemos que a ideia de ajudar alguém que está passando por ideação suicida pode ser assustadora, afinal, lidar com o suicídio é um assunto delicado e complexo. No entanto, é importante lembrar que você não está sozinho e que existem recursos disponíveis para ajudar você a fornecer o apoio de que seu amigo ou familiar precisa.

O primeiro passo é demonstrar empatia e compreensão.

Deixe a pessoa saber que você está lá para ela e que você se importa com ela. Escute-a sem julgamento e tente entender seus sentimentos. É importante lembrar que não há uma resposta certa ou errada para a pergunta “Por que você está pensando em suicídio?”. A pessoa pode estar passando por um momento difícil e não tem todas as respostas. O que ela precisa é de alguém que esteja disposto a ouvi-la e apoiá-la. 

Validar os sentimentos.

Nesse momento, é importante que a pessoa se sinta ouvida e compreendida, por isso, diga a ela que você entende que ela esteja passando por um momento difícil e que você acredita nela. 

Em seguida, você pode oferecer ajuda prática.

Isso pode incluir coisas como ajudar a pessoa a encontrar um terapeuta ou um psiquiatra, ou a se inscrever em um programa de tratamento. Você também pode oferecer-se para cuidar de tarefas domésticas ou para fazer companhia à pessoa. No entanto, é importante evitar fazer julgamentos ou tentar dar conselhos não solicitados. A pessoa pode se sentir pressionada ou julgada, o que pode piorar a situação.

Se você estiver preocupado com o risco de suicídio da pessoa, é importante procurar ajuda profissional imediatamente. Um terapeuta ou psiquiatra pode avaliar o risco de suicídio e desenvolver um plano de tratamento.

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Da Luta à Esperança: Histórias de Sobreviventes de Suicídio que Encontraram Luz na Escuridão

Histórias de Sobreviventes de Suicídio

Histórias de Sobreviventes de Suicídio existem, são reais. De fato, a vida pode ser um caminho sinuoso e desafiador, repleto de altos e baixos que muitas vezes nos levam a lugares sombrios e desconhecidos. Às vezes, a escuridão parece envolver nossos corações de tal forma que nos sentimos perdidos, sem esperança e até mesmo sem saída. Nesses momentos, é crucial lembrar que a esperança ainda pode ser encontrada, mesmo nos momentos mais sombrios. Neste artigo, exploraremos histórias de pacientes da nossa clínica, (preservando o sigilo) que enfrentaram ideações e tentativas de suicídio.

1. Joana: A Jornada de Aceitação e Cura

Joana, uma mulher de aproximadamente 30 anos. Aparentava ser feliz, no entanto, por trás do seu sorriso ela escondia uma luta silenciosa contra a depressão. A pressão dos padrões sociais e o medo de decepcionar sua família a levaram a uma tentativa de suicídio.

Felizmente, Joana foi encaminhada para um para nossa clínica, Espaço Terapêutico NOSCO. Ao longo da terapia ela aprendeu a regular suas emoções, praticando a ação oposta, identificar pensamentos automáticos e modificá-los. Além disso ela passou por um tratamento padronizado para depressão, a ativação comportamental somada das técnicas da terapia cognitiva. 

A jornada de Joana foi longa e desafiadora, mas ela finalmente encontrou um caminho para fora da depressão e para uma vida que faz sentido. 

2. Marcos: Descobrindo a Importância da Comunicação

Marcos, que trabalhava na área de segurança e tinha em torno de 40 anos experimentou uma série de perdas pessoais (fim de relacionamento, por exemplo) e profissionais que o deixaram profundamente desesperançado. Sentindo-se sobrecarregado pela tristeza e pela solidão, ele tentou tirar a própria vida.

Após sua tentativa de suicídio, Marcos foi internado em uma clínica de saúde mental, onde começou a ser atendido por um psicólogo. Durante suas sessões de terapia, ele descobriu a importância de abrir-se sobre seus sentimentos e preocupações. Ele também aprendeu a reconhecer pensamentos autodestrutivos e a substituí-los por pensamentos mais positivos.

Além disso, Marcos se beneficiou do apoio de sua família e amigos, que estiveram ao seu lado durante sua jornada de recuperação. Ele retornou ao trabalho e não possui mais pensamentos de suicídio.

3. Cátia: regulando as emoções

Cátia, uma adolescente de 15 anos que morava com os familiares, enfrentou um trauma sexual que a deixou emocionalmente devastada. Incapaz de lidar com a dor, ela se automutilava diariamente e tentou o suicídio como uma forma de escapar do sofrimento insuportável. Porém, a família percebeu o que estava acontecendo e levou em um psiquiatra que indicou o trabalho da terapia comportamental dialética (DBT) para adolescente. 

O processo de psicoterapia levou um tempo para surtir efeito e a parte medicamentosa foi fundamental para ela superar esse momento de vida. Com as habilidades de tolerância ao mal estar e regulação emocional ela conseguiu ter uma vida que vale a pena ser vivida. 

Hoje a Cátia está terminando o ensino médio e não tem automutilação e ideação suicida a mais de um ano. 

4. Rafael: regulando o humor

Rafael, homem de 23 anos com mudança de humor rápida chega para terapia depois de uma amiga insistir muito em ele procurar ajuda, visto que ele tinha sido atropelado recentemente por não ter olhado para os dois lados da rua, o que configuraria uma tentativa de suicídio passiva. 

A primeira etapa do tratamento do Rafael foi um primeiro encontro para avaliação da demanda principal e objetivos secundários. No final dessa avaliação enviamos alguns formulários para o paciente responder e surgiu a hipótese de Transtorno Bipolar do tipo 1. Na sequência foi conduzida uma entrevista diagnóstica com um dos membros da nossa equipe que descartou outros diagnósticos e confirmou o quadro de bipolaridade. 

O tratamento do Rafael passou a ser a combinação entre psicoterapia e farmacoterapia. Então, as oscilações de humor, depois de um tempo, reduziram significativamente e o Rafael aprendeu a identificar seus padrões de comportamento que o colocavam em risco. 

5. Ana: deixou de ser refém dos pensamentos. 

Ana, mulher de 45 anos que trabalha na área do direito penal, sempre lutou com a ansiedade e a depressão, além disso tinha pensamentos que ela catalogava como insuportáveis e os mantinha escondido de qualquer pessoa, inclusive dos antigos psicólogos com quem ela se consultou ao longo da vida. Um dia, no meio de uma crise de pânico, ela não conseguiu mais suportar a dor e tentou o suicídio.

Após sua tentativa de suicídio, Ana procurou no google sobre pensamentos repugnantes e encontrou um vídeo falando sobre TOC de conteúdo sexual.

Ela marcou um primeiro encontro com o Richard e fez uma terapia mais longa com a diferença de que se sentiu compreendida e pode falar sobre seu TOC de conteúdo pedofílico e como isso a assustava. O tratamento envolveu as técnicas para TOC, o tratamento base para depressão e suicídio, além da Terapia de Aceitação e Compromisso

Ela nunca mais teve tentativas de suicídio e o TOC regrediu. Portanto, ela voltou a ter controle sobre seus pensamentos. 

Encontrando Luz na Escuridão

As histórias de Joana, Marcos, Cária , Rafael e Ana são testemunhos poderosos de que a recuperação da tentativa de suicídio é possível. Com a ajuda de tratamento psicológico, apoio de amigos e familiares, e a vontade de enfrentar suas emoções, esses sobreviventes encontraram luz na escuridão.

É importante lembrar que a saúde mental é uma parte fundamental da nossa saúde geral, e buscar ajuda é um sinal de força, não de fraqueza. Se você ou alguém que você conhece estiver lutando com pensamentos suicidas, não hesite em buscar ajuda profissional. Há esperança e ajuda disponíveis, e a jornada da recuperação começa com o primeiro passo em direção à luz.

Lembrando as palavras de Joana, “a vida pode ser difícil, mas é preciosa”. Cada história de recuperação é um lembrete de que a esperança sempre brilha, mesmo nas horas mais sombrias.

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Desmistificando o Setembro Amarelo: Conversas Necessárias sobre Prevenção ao Suicídio.

Desmistificando o Setembro Amarelo

O suicídio é um problema de saúde pública global que afeta pessoas de todas as idades, gêneros, raças e etnias. O Setembro Amarelo é uma campanha global que busca conscientizar sobre a importância de discutir abertamente o tema do suicídio, desmistificando tabus e oferecendo ajuda às pessoas que precisam.

Esse movimento surgiu a partir do suicídio de um menino de 17 anos em 1994 nos Estados Unidos. Ele tinha um Mustang 68 amarelo e no dia de seu velório, seus pais e amigos distribuíram cartões com frases de apoio amarrados em fitas amarelas. No entanto, no Brasil, essa campanha foi criada apenas em 2015 pelo Centro de Valorização à Vida, Conselho Federal de Medicina e Associação Brasileira de Psiquiatria.

Falar sobre suicídio ainda é um desafio em muitas culturas e é aqui que a relevância do Setembro Amarelo se destaca. Dessa forma, a conversa aberta é essencial para entendermos os sinais, oferecermos ajuda e eliminarmos o estigma que cerca essa questão. Muitas vezes, as pessoas que estão enfrentando pensamentos suicidas sentem-se isoladas e incompreendidas. Iniciar um diálogo empático pode fazer uma diferença significativa ao mostrar que elas não estão sozinhas e que existe suporte disponível.

Compreender os fatores de risco e os sinais de alerta é fundamental para a prevenção do suicídio. Alguns fatores de risco incluem: 

  • Transtornos mentais; 
  • Histórico familiar de suicídio; 
  • Isolamento social;
  • Acesso a meios letais; 
  • Ter tentado suicidio previamente
  • Entre outros. 

É importante notar que a presença desses fatores não significa que alguém definitivamente irá cometer suicídio, mas sim que podem estar em maior vulnerabilidade. Sinais de alerta como expressões de desesperança, despedidas emocionais, mudanças drásticas de comportamento, bem como, o aumento do consumo de álcool ou drogas devem ser levados a sério e abordados de maneira sensível.

A prevenção ao suicídio envolve diversos níveis de intervenção, desde o apoio individual até políticas públicas abrangentes. Aqui estão algumas estratégias-chave:

  • Conscientização e Educação: Campanhas de conscientização, como o Setembro Amarelo, desempenham um papel crucial na disseminação de informações precisas sobre prevenção ao suicídio. Nesse sentido, a educação é um passo vital para capacitar as pessoas a reconhecerem os sinais de alerta e a saberem como agir.
  • Acesso a Serviços de Saúde Mental: Garantir que os serviços de saúde mental sejam acessíveis e livres de estigma é fundamental. Muitas vezes, aqueles que precisam de ajuda não a buscam devido ao medo do julgamento. Ou seja, normalizar o cuidado com a saúde mental é uma peça-chave para reverter essa situação.
  • Fortalecimento dos Relacionamentos Sociais: O apoio emocional proveniente de amigos, familiares e comunidade é inestimável na prevenção. Fortalecer laços sociais pode reduzir o isolamento e oferecer uma rede de suporte para quem está passando por momentos difíceis.
  • Identificação e Intervenção Precoces: Capacitar indivíduos a reconhecerem os sinais de alerta e a intervirem precocemente pode salvar vidas. Isso envolve ouvir atentamente, oferecer apoio e encaminhar a pessoa para ajuda profissional quando necessário.
  • Políticas de Saúde Mental: Governos e instituições devem adotar políticas que priorizem a saúde mental. Isso inclui investir em recursos de saúde mental, reduzir barreiras financeiras ao tratamento e promover ambientes de trabalho e estudo saudáveis.

O Setembro Amarelo é um chamado para uma conversa aberta, sensível e compassiva sobre um tema muitas vezes cercado por tabus. Prevenir o suicídio requer o envolvimento de todos nós, desde amigos e familiares até profissionais de saúde e tomadores de decisão. Ao desmistificar o Setembro Amarelo, reconhecemos que a prevenção ao suicídio começa com a empatia, a compreensão e a vontade de estender a mão a quem precisa. Portanto, neste mês e além, lembremos que o amarelo é mais do que uma cor – é um lembrete de esperança, apoio e, acima de tudo, vida.

As seguintes terapias são recomendadas para a prevenção ao suicídio:

  1. Terapia cognitivo-comportamental (TCC): A TCC é uma terapia que ajuda as pessoas a identificar e mudar pensamentos e comportamentos negativos. Em síntese, a TCC é eficaz no tratamento de vários transtornos mentais, incluindo a depressão e o transtorno bipolar.
  1. Terapia de aceitação e compromisso (ACT): A ACT é uma terapia que ajuda as pessoas a aceitar seus pensamentos e sentimentos negativos e se concentrarem em comportamentos que promovem o bem-estar. Em outras palavras, a ACT é eficaz no tratamento de pessoas com depressão e transtorno bipolar que também têm dificuldades em aceitar seus pensamentos e sentimentos negativos.
  1. Terapia de grupo para prevenção ao suicídio: A terapia de grupo para prevenção ao suicídio é uma intervenção eficaz que ajuda as pessoas a aprender sobre o suicídio e a desenvolver estratégias de enfrentamento. Um exemplo disso é o grupo de habilidades em DBT (Dialectical Behavior Therapy) que envolve uma forma estruturada de terapia em grupo e tem como objetivo ensinar indivíduos a desenvolverem habilidades de regulação emocional, assim como, resolução de conflitos e comunicação eficaz para lidar melhor com situações desafiadoras em suas vidas. 

Lembre-se que toda emoção passa. Você não sentirá isso para o resto da sua vida! Nós sabemos que está difícil agora e podemos te ajudar a criar uma vida que vale a pena ser vivida.

Como a Terapia Cognitivo-Comportamental pode ser uma aliada poderosa no enfrentamento da ansiedade

A ansiedade é uma emoção natural e adaptativa, mas quando se torna excessiva e persistente, pode se transformar em um desafio que impacta significativamente a qualidade de vida. Sentir-se constantemente tenso(a), preocupado(a) e apreensivo(a) pode afetar nossos relacionamentos, desempenho profissional e bem-estar emocional. Nesse contexto, a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é a abordagem terapêutica mais eficaz no tratamento da ansiedade.

Entendendo a Ansiedade pela Perspectiva da TCC

A TCC é uma terapia baseada em evidências que explora a interação entre pensamentos, emoções e comportamentos. Na ansiedade, padrões de pensamentos negativos e distorcidos, conhecidos como “pensamentos automáticos”, podem gerar respostas emocionais intensas, como medo, preocupação e inquietação. Esses pensamentos podem criar um ciclo vicioso, aumentando ainda mais a ansiedade e desencadeando comportamentos de evitação, que reforçam o ciclo de ansiedade.

Identificação e Reestruturação de Pensamentos Distorcidos

Psicologo e Neuroterapia em Porto Alegre DBT
Psicologia e Neuroterapia em Porto Alegre

Um dos pilares da TCC no tratamento da ansiedade é a identificação e reestruturação dos pensamentos automáticos. O terapeuta ajuda o indivíduo a analisar e questionar a validade
de seus pensamentos ansiosos, buscando evidências objetivas que os apoiem ou refutem.
Por exemplo, uma pessoa com ansiedade social pode ter pensamentos como “todos estão
me julgando” ou “vão me rejeitar”. Através da TCC, ela aprende a desafiar esses pensamentos, buscando exemplos concretos de interações sociais bem-sucedidas ou questionando se é realmente possível saber o que as outras pessoas estão pensando.

Exposição Gradual e Desensibilização

Para que a Terapia Cognitivo-Comportamental seja eficaz contra a ansiedade, a TCC também utiliza técnicas de exposição gradual para ajudar as pessoas a enfrentarem seus medos e ansiedades. A exposição gradativa envolve enfrentar situações ou objetos temidos em etapas, de forma controlada e progressiva. Uma pessoa com fobia de altura pode começar enfrentando uma pequena elevação e, aos poucos, aumentar a altura das situações que enfrenta, até conseguir lidar com sua ansiedade de forma mais adaptativa. Tudo que gera medo deve ser encarado em algum momento, desde que gere sofrimento no cotidiano. Morando em Porto Alegre não preciso me expor ao medo de ursos, por exemplo, pois não existem ataques de urso em POA. Mas, um medo de chuva, medo de falar em público, medo de entrar em lugares fechados, entre outros exemplos, são parte do que podemos te ajudar em terapia a superar e ter uma vida plena.

Aprendendo Habilidades Eficazes de Relaxamento

Outro aspecto importante da TCC no tratamento da ansiedade é o ensino de técnicas de relaxamento, que ajudam a reduzir a ativação emocional associada à ansiedade. Técnicas como a respiração profunda, relaxamento muscular progressivo e a prática da atenção plena podem ser utilizadas para acalmar a mente e o corpo em momentos de ansiedade elevada.

Promovendo Mudanças Comportamentais

Além da reestruturação de pensamentos, a TCC também enfoca a mudança de comportamentos disfuncionais que reforçam a ansiedade. Por exemplo, se uma pessoa evita lugares lotados por medo de uma possível crise de ansiedade, o terapeuta pode encorajá-la a enfrentar essas situações, enquanto utiliza técnicas de relaxamento e reestruturação cognitiva para enfrentar a ansiedade de forma mais adaptativa. Dessa forma, a Terapia Cognitivo-Comportamental apresenta resultado eficazes contra a ansiedade

Se você tem enfrentado dificuldades com ansiedade e reconhece que ela está afetando sua vida, é hora de buscar ajuda especializada. A Terapia Cognitivo-Comportamental pode ser uma aliada poderosa no enfrentamento da ansiedade, fornecendo ferramentas práticas e eficazes para lidar com esse desafio emocional.

Convidamos você a agendar uma primeira consulta no Espaço Terapêutico NOSCO. Uma equipe de profissionais qualificados estará pronta para oferecer suporte e orientação no tratamento da ansiedade. Nossa abordagem é individualizada, respeitando as necessidades e particularidades de cada pessoa, visando o bem-estar emocional e o desenvolvimento de estratégias para superar a ansiedade e retomar o controle da vida.

Não deixe que a ansiedade limite suas oportunidades e potencial. Faça uma escolha em direção ao autocuidado e bem-estar emocional. Agende sua consulta no Espaço Terapêutico NOSCO e dê o primeiro passo para uma vida mais equilibrada e serena. Estamos aqui para ajudar você nessa jornada de crescimento pessoal e superação dos desafios emocionais.

5 SINAIS DE QUE VOCÊ PODE SE BENEFICIAR DA TERAPIA

Benefícios da Terapia

Você já se perguntou quais os benefícios da terapia para você? Ou como a terapia poderia ser útil? Muitas vezes, ao enfrentarmos desafios emocionais e psicológicos, pode ser difícil identificar se precisamos de ajuda profissional para superá-los. Aqui abordaremos cinco sinais comuns que indicam que você pode se beneficiar da terapia, especificamente uma terapia baseada em evidências como são a TCC e as terapias contextuais.

Padrões emocionais persistentes e disfuncionais

Se você percebe padrões emocionais negativos, como ansiedade intensa, tristeza persistente ou raiva descontrolada, é hora de considerar a terapia. As terapias contextuais, como a Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT), ensinam a aceitar e lidar com as emoções em vez de tentar suprimi-las ou evitá-las. Por exemplo, se você enfrenta ansiedade social significativa e se afasta de interações sociais para evitá-la, a ACT pode ajudá-lo a aceitar a ansiedade e a agir de acordo com seus valores, participando de atividades sociais que são importantes para você, apesar do desconforto.

Pensamentos autocríticos e padrões cognitivos negativos

Se você se pega constantemente se criticando ou tendo pensamentos negativos sobre si mesmo, a TCC pode ser benéfica. Essa abordagem terapêutica ajuda a identificar e desafiar crenças disfuncionais que levam a pensamentos autodepreciativos. Por exemplo, se você tende a pensar “não sou bom o suficiente” e isso afeta sua autoestima e autoconfiança, a TCC pode ajudá-lo a substituir esse pensamento por um mais realista e equilibrado, como “tenho minhas qualidades e posso aprender e crescer”.

Dificuldade em lidar com mudanças e incertezas

Se você se sente sobrecarregado(a) por mudanças na vida ou luta para lidar com a incerteza, as terapias contextuais, como a Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT), podem fornecer ferramentas valiosas para enfrentar essas situações. Ao aprender a aceitar o fluxo natural da vida e a agir de acordo com seus valores, mesmo quando a incerteza está presente, você pode aumentar sua resiliência e adaptabilidade emocional.

Dificuldade em estabelecer e manter relacionamentos saudáveis

Se você enfrenta problemas de relacionamento, a terapia pode ser uma solução. A TCC pode ajudá-lo(a) a identificar padrões de comportamento disfuncionais que podem estar contribuindo para conflitos interpessoais. Por exemplo, se você costuma reagir com raiva em situações de conflito com seu parceiro(a), a TCC pode ensinar estratégias para comunicar-se de forma mais eficaz e lidar com suas emoções de maneira saudável.

Dificuldades em gerenciar estresse e ansiedade

Se você se sente constantemente sobrecarregado(a) e ansioso(a), a terapia pode ajudar a desenvolver habilidades de gerenciamento de estresse. As terapias contextuais, como a terapia baseada no mindfulness, ensinam você a identificar os elementos internos e externos que estão te gerando incômodo. A parte mais legal dessa história é saber quando temos que fazer algo com o estresse e a ansiedade e quando temos que só observar, na minha opinião essa distinção é a coisa mais difícil. Mindfulness é estar plenamente atento ao momento presente e não deixar o piloto automático controlar sua vida, parece bem difícil, mas sei que todos precisamos de um pouco disso.

Ex: tivemos uma paciente na clínica que ela nem sabia tudo o que a deixava estressada, pois eram tantas coisas e o sentimento de sobrecarga ficava tão grande a cada segundo que parecia que ela ia explodir. Uma dose de respiração, algumas psicoeducações e meditações depois ela estava zen, não totalmente, mas apta a fazer o que era mais efetivo.

Ainda está em dúvidas? Conversa com a gente!

A terapia, especialmente ao integrar elementos das terapias contextuais e da TCC, pode ser uma ferramenta poderosa para enfrentar desafios emocionais e psicológicos. Se você reconhece um ou mais dos sinais mencionados acima em sua vida, considere procurar a ajuda de um profissional de saúde mental qualificado. Lembre-se de que a busca por apoio terapêutico é um ato de autocuidado e uma maneira eficaz de promover o bem-estar emocional e mental.

Agora basta você marcar a sua primeira consulta! Clica no link abaixo para marcar seu primeiro encontro com um dos nossos profissionais do Espaço Terapêutico Nosco.

Referências

  • Gloster, A. T., Walder, N., Levin, M. E., Twohig, M. P., & Karekla, M. (2020). The empirical status of acceptance and commitment therapy: A review of meta-analyses. Journal of Contextual Behavioral Science18, 181-192.
  • Li, X., Laplante, D. P., Paquin, V., Lafortune, S., Elgbeili, G., & King, S. (2022). Effectiveness of cognitive behavioral therapy for perinatal maternal depression, anxiety and stress: A systematic review and meta-analysis of randomized controlled trials. Clinical psychology review92, 102129.
  • Fernandez, E., Woldgabreal, Y., Day, A., Pham, T., Gleich, B., & Aboujaoude, E. (2021). Live psychotherapy by video versus in‐person: A meta‐analysis of efficacy and its relationship to types and targets of treatment. Clinical Psychology & Psychotherapy28(6), 1535-1549.Pen
  • Liu, W., Li, G., Wang, C., Wang, X., & Yang, L. (2021). Efficacy of sertraline combined with cognitive behavioral therapy for adolescent depression: a systematic review and meta-analysis. Computational and Mathematical Methods in Medicine2021.
  • Sverre, K. T., Nissen, E. R., Farver-Vestergaard, I., Johannesen, M., & Zachariae, R. (2022). Comparing the efficacy of mindfulness-based therapy and cognitive-behavioral therapy for depression in head-to-head randomized controlled trials: A systematic review and meta-analysis of equivalence. Clinical Psychology Review, 102234.
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Como sei que preciso de terapia?

Quando procurar um psicólogo?

Enfrentamos cotidianamente desafios emocionais e psicológicos, por vezes esses desafios podem se tornar esmagadores, afetando nossa saúde mental, bem-estar emocional e qualidade de vida. Identificar quando é hora de procurar um psicólogo é um passo importante em direção ao autocuidado e à promoção do equilíbrio emocional. Pensando nisso, a integração de elementos da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) e das Terapias Contextuais pode ajudar a identificar a necessidade de buscar ajuda psicológica e quais sinais indicam que pode ser o momento de fazê-lo.

Entendendo a Terapia Cognitivo-Comportamental e as Terapias Contextuais

Antes de abordarmos os sinais de que é hora de buscar ajuda psicológica, é essencial compreender como a TCC e as Terapias Contextuais funcionam.

A TCC é uma abordagem terapêutica que examina a relação entre pensamentos, emoções e comportamentos. Ela se concentra em identificar e desafiar padrões de pensamentos negativos e disfuncionais, bem como desenvolver estratégias para lidar com emoções difíceis e comportamentos prejudiciais. A TCC é eficaz no tratamento de problemas como ansiedade, depressão, fobias e transtornos de humor, entre muitas outras demandas.

As Terapias Contextuais, por sua vez, enfatizam a importância de aceitar as emoções e os pensamentos, em vez de tentar suprimi-los ou evitá-los. Elas se concentram na compreensão do contexto em que os problemas ocorrem e buscam desenvolver a aceitação e a autocompaixão. Algumas das Terapias Contextuais mais conhecidas incluem a Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT) e a Terapia Comportamental Dialética (DBT).

Sinais de que é hora de buscar ajuda psicológica

  • Persistência e Intensidade de Emoções Negativas: Sentir-se triste, ansioso(a) ou irritado(a) ocasionalmente é normal, mas se essas emoções persistirem por um longo período e afetarem suas atividades diárias, pode ser um sinal de que é hora de buscar ajuda. A TCC pode ajudar a identificar padrões de pensamentos negativos e a desenvolver habilidades de enfrentamento emocional.
  • Dificuldade em Lidar com Estresse: Se você sentir dificuldade em lidar com situações estressantes ou se sentir sobrecarregado(a) facilmente, a TCC pode ensinar técnicas de gerenciamento de estresse e resiliência emocional.
  • Problemas de Relacionamento: Conflitos interpessoais constantes podem indicar a necessidade de ajuda psicológica. A TCC pode ajudar a melhorar habilidades de comunicação, empatia e estabelecimento de limites saudáveis.
  • Isolamento Social: Se você se afasta de amigos e familiares, evitando interações sociais, as Terapias Contextuais podem ser valiosas para aprender a aceitar as emoções subjacentes e desenvolver conexões significativas.
  • Pensamentos Autodestrutivos: Pensamentos destrutivos sobre si mesmo(a) ou ideias suicidas exigem atenção imediata. A TCC e as Terapias Contextuais podem ser fundamentais para ajudar a lidar com esses sentimentos e desenvolver uma rede de apoio.
  • Perturbações do Sono: Insônia ou distúrbios do sono frequentes podem afetar negativamente sua saúde física e emocional. A TCC pode ensinar técnicas de higiene do sono e ajudá-lo(a) a identificar os fatores que contribuem para os problemas de sono.
  • Automutilação ou Comportamentos Compulsivos: Comportamentos autolesivos ou compulsivos podem indicar a necessidade de ajuda psicológica urgente. A TCC e a DBT são terapias eficazes para tratar esses problemas.
  • Sentimento de Vazio ou Perda de Interesse nas Atividades: Sentir-se vazio ou sem prazer em atividades que antes eram gratificantes pode ser um sinal de depressão ou outras condições. A TCC pode ajudar a resgatar a motivação e o prazer na vida cotidiana.

Identificou-se com dois ou mais itens?

Se você identificou um ou mais sinais mencionados acima em sua vida, é importante lembrar que buscar ajuda psicológica não é sinal de fraqueza, mas sim um ato de coragem e autocuidado. O Espaço Terapêutico NOSCO oferece um ambiente acolhedor e confidencial para explorar suas dificuldades emocionais e desenvolver estratégias para superá-las.

Nossa equipe de profissionais qualificados, especializados em Terapia Cognitivo-Comportamental e Terapias Contextuais, está pronta para oferecer o suporte necessário para lidar com desafios como ansiedade, depressão, estresse e problemas de relacionamento. Seja qual for a sua necessidade, estamos aqui para ajudá-lo(a) a encontrar caminhos para o bem-estar emocional e melhor qualidade de vida.

Não espere que os problemas se agravem. Tome uma atitude em direção à sua saúde mental e bem-estar. Agende uma consulta no Espaço Terapêutico Nosco e comece sua jornada de crescimento pessoal e superação de desafios emocionais. Estamos aqui para caminhar ao seu lado rumo a uma vida mais saudável e equilibrada.

Referências:

  • Cheroutre, C., Guerrien, A., & Rousseau, A. (2020). Contributing of cognitive-behavioral therapy in the context of bariatric surgery: a review of the literature. Obesity Surgery30, 3154-3166.
  • Gloster, A. T., Walder, N., Levin, M. E., Twohig, M. P., & Karekla, M. (2020). The empirical status of acceptance and commitment therapy: A review of meta-analyses. Journal of Contextual Behavioral Science18, 181-192.
  • Li, X., Laplante, D. P., Paquin, V., Lafortune, S., Elgbeili, G., & King, S. (2022). Effectiveness of cognitive behavioral therapy for perinatal maternal depression, anxiety and stress: A systematic review and meta-analysis of randomized controlled trials. Clinical psychology review92, 102129.
  • Fernandez, E., Woldgabreal, Y., Day, A., Pham, T., Gleich, B., & Aboujaoude, E. (2021). Live psychotherapy by video versus in‐person: A meta‐analysis of efficacy and its relationship to types and targets of treatment. Clinical Psychology & Psychotherapy28(6), 1535-1549.Pen
  • Hertenstein, E., Trinca, E., Wunderlin, M., Schneider, C. L., Züst, M. A., Fehér, K. D., … & Nissen, C. (2022). Cognitive behavioral therapy for insomnia in patients with mental disorders and comorbid insomnia: A systematic review and meta-analysis. Sleep medicine reviews62, 101597.
  • Van Loenen, I., Scholten, W., Muntingh, A., Smit, J., & Batelaan, N. (2022). The effectiveness of virtual reality exposure–based cognitive behavioral therapy for severe anxiety disorders, obsessive-compulsive disorder, and posttraumatic stress disorder: Meta-analysis. Journal of medical Internet research24(2), e26736.
  • López-López, J. A., Davies, S. R., Caldwell, D. M., Churchill, R., Peters, T. J., Tallon, D., … & Welton, N. J. (2019). The process and delivery of CBT for depression in adults: a systematic review and network meta-analysis. Psychological medicine49(12), 1937-1947.

Terapia Infantil: Cuidando do Desenvolvimento Emocional das Crianças

Terapia Infantil: o desenvolvimento emocional das crianças

O bem-estar emocional é uma parte essencial para o desenvolvimento saudável das crianças. Ao longo da infância, os pequenos enfrentam desafios e experiências que podem gerar uma variedade de emoções intensas, desde alegria e entusiasmo até ansiedade e tristeza. A Terapia Infantil como parte do desenvolvimento emocional tem se mostrado útil no contexto de várias famílias. Isso porquê, a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) direcionada para o público infantil se destaca como uma abordagem eficaz para ajudar as crianças a compreender e gerenciar suas emoções, promovendo um crescimento emocional saudável. Então, se você se interessa na saúde mental dos pequenos leia até o final ou já nos manda uma mensagem para conversamos sobre uma avaliação presencial em Porto Alegre.

Princípios da Terapia Cognitivo-Comportamental para o Público Infantil

A Terapia Cognitivo-Comportamental é uma abordagem psicoterapêutica que se concentra na conexão entre pensamentos, emoções e comportamentos. Essa abordagem é adaptada para atender às necessidades e capacidades das crianças, utilizando técnicas lúdicas, expressivas e criativas. Alguns dos princípios fundamentais da TCC para crianças incluem:

  • Identificação de Pensamentos e Emoções: As crianças aprendem a identificar seus pensamentos e emoções e como eles estão conectados. Elas aprendem que seus pensamentos podem influenciar como se sentem e se comportam.
  • Aprendizagem de Estratégias de Autorregulação: As crianças são ensinadas a desenvolver habilidades de autorregulação emocional, aprendendo maneiras saudáveis de lidar com emoções intensas e gerenciar o estresse.

Ex: ensinamos a técnica “aumentando e diminuindo a bola do medo” para crianças que tem recorrentemente medo e, por isso, apresentam pensamentos automáticos. Vamos fazer um vídeo sobre isso no futuro!

  • Reconhecimento de Padrões Comportamentais: Identificar padrões comportamentais que podem estar contribuindo para problemas emocionais, como evitar situações difíceis ou recorrer a comportamentos agressivos.

Ex: ensinamos a criança em terapia a expressar suas emoções através de palavras, dizer como estão se sentindo, em vez de emitir um comportamento que pode ser prejudicial para todos, como bater no amiguinho.

  • Reestruturação Cognitiva: Ajudar as crianças a questionar pensamentos negativos ou distorcidos e substituí-los por pensamentos mais realistas e construtivos.

Ex: crianças mais quietinhas podem apresentar um padrão de ansiedade muito grande e não conseguem lidar bem com os pensamentos, pois nem conseguem verbaliza-los. A terapia vai ajudar a comunicar o que está incomodando e, assim, poderemos servir de ponte entre a criança e os cuidadores.

  • Reforço Positivo: A Terapia Infantil ajuda a reforçar comportamentos positivos e saudáveis, incentivando as crianças a desenvolver habilidades emocionais positivas.

Ex: cada vez que uma criança faz algo tido como positivo (contar que está triste) validamos o comportamento e fazemos o máximo para resolver o problema com o paciente. Esse mesmo procedimento é instruído para os cuidadores, assim a mudança não se resume àquela uma hora por semana de terapia.

Exemplo de Caso 1 – Lidando com a Ansiedade Escolar

Imagine uma criança chamada Pedro, de 8 anos, que começa a desenvolver ansiedade em relação à escola. Ele começa a se queixar de dores de estômago todas as manhãs e evita ir à escola sempre que possível. A ansiedade de Pedro é alimentada por pensamentos como “Eu não sou bom o suficiente” e “As outras crianças vão me rejeitar”. Esses pensamentos geram um ciclo de emoções negativas e comportamentos de evitação.

Nesse caso, um terapeuta cognitivo-comportamental poderia trabalhar com Pedro para identificar esses pensamentos negativos e ajudá-lo a reestruturá-los. O terapeuta pode usar técnicas lúdicas, como jogos ou desenhos, para facilitar a expressão das emoções de Pedro. Além disso, poderia ensinar estratégias de relaxamento, como a técnica da respiração profunda, para ajudá-lo a lidar com a ansiedade.

Ao longo das sessões, Pedro pode aprender a desafiar seus pensamentos negativos e a substituí-los por pensamentos mais realistas e positivos, como “Eu posso lidar com desafios” e “As outras crianças gostam de brincar comigo”. Com o tempo, essas mudanças cognitivas podem ajudar Pedro a reduzir sua ansiedade em relação à escola e a se sentir mais confiante em suas interações com os colegas.

Exemplo de Caso 2 – Expressando Raiva de Forma Construtiva

Vamos considerar uma criança chamada Sofia, de 6 anos, que tem dificuldade em expressar sua raiva de forma adequada. Quando ela fica frustrada ou contrariada, tende a gritar, bater ou chorar, o que pode levar a conflitos com seus amigos e familiares. Os pais de Sofia estão preocupados com sua dificuldade em lidar com a raiva de maneira construtiva.

Neste caso, um terapeuta cognitivo-comportamental poderia trabalhar com Sofia para ensinar-lhe estratégias de autorregulação emocional. Usando brincadeiras ou atividades criativas, o terapeuta poderia ajudá-la a identificar e expressar suas emoções de maneira mais saudável. Por exemplo, poderia sugerir que Sofia use uma caixa de areia para “desenhar” sua raiva ou que faça uma colagem de sentimentos para expressar suas emoções.

Além disso, o terapeuta poderia ensinar a Sofia técnicas de relaxamento, como contar até dez ou respirar profundamente, para ajudá-la a acalmar-se em momentos de frustração. O terapeuta também poderia ensinar habilidades de resolução de problemas, para que Sofia aprenda a lidar com situações difíceis de forma mais eficaz.

Com o tempo e a prática, Sofia pode começar a usar essas estratégias em sua vida diária, tornando-se mais capaz de expressar sua raiva de maneira construtiva e evitando comportamentos agressivos.

Conclusão

A Terapia Cognitivo-Comportamental direcionada para o público infantil é uma abordagem valiosa para cuidar do desenvolvimento emocional das crianças. Ao ensinar habilidades de autorregulação emocional, reestruturação cognitiva e estratégias de enfrentamento, essa terapia capacita as crianças a lidar com suas emoções de maneira saudável e construtiva. Por meio de técnicas lúdicas e expressivas, a TCC para crianças torna a terapia agradável e engajante, permitindo que os pequenos se expressem e cresçam emocionalmente. Dessa forma, a terapia infantil desempenha um papel vital na promoção de um desenvolvimento emocional positivo, contribuindo para que as crianças cresçam como adultos emocionalmente resilientes e equilibrados.

Se você é de Porto Alegre e precisa de uma avaliação para um menor de idade, não deixe de entrar em contato conosco. Vamos agendar uma conversa rápida pelo telefone para pegarmos algumas informações iniciais e depois te passamos os detalhes da avaliação infantil.

Referências

  • Friedberg, R. D., & McClure, J. M. (2019). A Prática Clínica da Terapia Cognitiva com Crianças e Adolescentes-2. Artmed Editora.
  • Neufeld, C. B. (2017). Terapia cognitivo-comportamental para adolescentes: uma perspectiva transdiagnóstica e desenvolvimental. Artmed Editora.

Relações Familiares Saudáveis: O Papel da Terapia

Relações familiares saudáveis

As relações familiares desempenham um papel fundamental no bem-estar e desenvolvimento de cada indivíduo. Uma família saudável oferece apoio emocional, segurança e um ambiente propício ao crescimento pessoal. No entanto, nem todos conseguem manter relações familiares saudáveis de forma constante. Conflitos, comunicação deficiente e padrões disfuncionais podem surgir, causando tensões e desgastes nas interações familiares. É nesse contexto que a Terapia Contextual e a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) se destacam como abordagens eficazes para ajudar a reconstruir e fortalecer laços familiares.

Terapia Contextual: Compreendendo as Dinâmicas Familiares

A Terapia Contextual, desenvolvida por Ivan Boszormenyi-Nagy, tem como base o conceito de equidade e balanço nos relacionamentos familiares. Ela se concentra na importância de reconhecer as interdependências e as obrigações mútuas entre os membros da família. A teoria sugere que, para que as relações familiares sejam saudáveis, é essencial ter uma troca justa de cuidado e respeito, bem como um reconhecimento das dívidas emocionais e materiais que surgem ao longo do tempo.

A principal técnica utilizada na Terapia Contextual é o “ajuste de contas” (accounting). Isso significa olhar para as relações e interações passadas e identificar desequilíbrios na reciprocidade. A terapia incentiva os membros da família a reconhecerem suas responsabilidades com os outros e repararem as dívidas emocionais quee acumularam-se ao longo do tempo. Esse processo de ajuste de contas permite que as famílias construam confiança e desenvolvam conexões mais sólidas.

Exemplo de Caso 1 – O Ciclo da Desconfiança

Imagine uma família em que a filha adolescente sinta que seus pais estão constantemente invadindo sua privacidade. Ela começa a esconder informações sobre sua vida social e suas atividades. Por sua vez, os pais, preocupados com o bem-estar da filha, ficam cada vez mais ansiosos e controladores, o que faz com que a adolescente se sinta mais invadida, criando um ciclo de desconfiança e distanciamento.

Nesse cenário, a Terapia Contextual pode ser aplicada para ajudar a família a entender o início desse ciclo e como as ações de cada membro contribuem para a dinâmica disfuncional. Ao abordar interações e incentivar ajustes, a terapia pode ajudar a família a reconstruir a confiança mútua e estabelecer limites saudáveis para uma convivência harmoniosa.

Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC): Mudando Padrões Disfuncionais

A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é outra abordagem valiosa para trabalhar relações familiares saudáveis. Diferentemente da Terapia Contextual, a TCC concentra-se na identificação e modificação de padrões de pensamento e comportamento que podem estar contribuindo para conflitos e disfunções familiares.

A TCC envolve a identificação de pensamentos negativos e crenças disfuncionais que influenciam as emoções e comportamentos dos membros da família. Por exemplo, um pai pode ter a crença de que deve ser perfeito em todas as áreas da vida, o que leva a uma pressão excessiva em si mesmo e nos outros membros da família para alcançarem essa perfeição. Essa expectativa irrealista pode levar a conflitos e ressentimentos dentro da família.

Exemplo de Caso 2 – A Pressão do Sucesso

Considere uma família em que o filho mais velho sente, por exemplo, pressão constante para ter sucesso acadêmico e profissional. Isso ocorre porque seu pai acredita que isso é a chave para um futuro próspero.O filho internaliza essa expectativa como uma medida de seu valor e começa a sofrer com ansiedade e estresse excessivos. Isso pode criar um ambiente tenso em casa, com conflitos frequentes entre o filho e o pai.

Nesse cenário, o terapeuta pode aplicar a Terapia Cognitivo-Comportamental para ajudar o filho a identificar as crenças disfuncionais que estão causando ansiedade e estresse. O terapeuta pode trabalhar com o jovem para desenvolver uma perspectiva mais realista em relação ao sucesso e à autoestima. Além disso, o terapeuta pode ajudar o pai a compreender o impacto de suas expectativas na saúde emocional do filho e adotar uma abordagem compreensiva.

Integração das Abordagens na Terapia Familiar

Apesar das diferenças entre a Terapia Contextual e a TCC, elas não excluem uma à outra e podem se integrar em um processo terapêutico mais amplo. A Terapia Contextual pode ser útil para abordar questões relacionadas ao equilíbrio e às obrigações familiares, enquanto a TCC pode trabalhar na modificação de padrões de pensamento e comportamento disfuncionais.

A combinação dessas abordagens pode levar a uma transformação positiva nas relações familiares. A Terapia Contextual fornece um olhar amplo para as interações familiares e a importância de uma troca justa, enquanto a TCC oferece ferramentas práticas para identificar e modificar comportamentos e pensamentos prejudiciais.

Conclusão

Relações familiares saudáveis são cruciais para o bem-estar e a felicidade de todos os membros da família. Quando os conflitos e disfunções surgem, a Terapia Contextual e a TCC se mostram como abordagens poderosas para ajudar a identificar e resolver problemas, fortalecer laços e construir uma base sólida para uma convivência harmoniosa.

É importante lembrar que cada família é única, e o processo terapêutico deve ser adaptado às necessidades e circunstâncias específicas de cada caso. Com a orientação adequada de um terapeuta experiente, as famílias podem enfrentar seus desafios, e, além disso, crescer juntas e cultivar relações saudáveis ao longo do tempo.

Não deixe de buscar ajuda para ressignificar e fortalecer a sua conexão familiar. Nós temos os instrumentos que podem favorecer a reestruturação das suas percepções e, consequentemente, melhorar as suas relações familiares.